Escrevo, apenas



Você escreve? É, escrevo. Você é muito instrospectiva. É, eu sou. Você é muito doce. Não, não sou. Você é muito áspera. Não, também não sou. Você é o ‘que’, afinal? Eu sou um despejo de palavras. Eu escrevo desajeitado, torto, sem regras. E não, eu não sei fazer versos e rimas, eu não sei brincar com as palavras, elas apenas me tiram pra dançar e fazem festa. Eu escrevo porque a escrita é a minha forma de gritar e de calar, é minha única forma de me encontrar ou de me perder.

Não escrevo para você, não escrevo para mim nem, tampouco, sobre mim. Escrevo para tudo: tudo que sou, tudo que não sou, tudo que gostaria (ou não) de ser. Escrevo para tudo que vive. Escrevo porque, no papel, as palavras encontram o seu lugar. Escrevo o que penso, não, necessariamente, o que sinto. Escrevo sobre o que me inspira. E nem tudo que me inspira realmente me importa. A escrita é minha (sur)presa.

Confesso: tenho muitos insights. Mas, quem escreve sabe que as coisas não têm que ser tão reais. Há sempre um toque de fantasia na mão de quem rabisca, seja lá o que for. Arte: a manha de desengarrafar (en)cantos. Eu não escrevo em harmonia, as palavras se jogam no meu papel e encontram o seu próprio lugar, seu próprio ritmo. Eu escrevo bagunçado, desorganizado, desalinhado, nas entrelinhas, escrevo às quatro da manhã só porque senti vontade. Êxtase. Escrevo para me esvaziar e para me preencher. Escrevo para não falar, as palavras são o meu silêncio e, ao mesmo tempo, a minha voz.

Escrevo porque sou contraditória. Não, eu não escrevo. Eu expulso as palavras, eu liberto as palavras. Escrevo porque gosto. Porque sei, porque não sei, porque ainda estou aprendendo. Escrevo porque sou assim. Ou sou assim porque escrevo? Escrevo por nada e escrevo por tudo. Escrevo para me entender e para me confundir. Escrevo porque eu e a escrita temos um caso de amor. Escrevo curto. Escrevo porque não tenho razão. Escrevo porque gosto de (in)versos.

Escrevo, apenas, sem obrigação de ser.

Simone Oliveira

Comentários

Daniela Lima disse…
Amei seu texto! Muito bem trabalhado e parece ser feito sem esforço algum. Lindo, lindo! Parabéns! E continue escrevendo tão bem assim!

Beijinhos!

http://www.daniela-meucantinholiterario.blogspot.com/
Simone Oliveira disse…
Obrigada, Dani. Realmente, você acertou. Foi um texto muito natural, me veio na cabeça praticamente já pronto! ;D
Anna disse…
Obg por visitar (e seguir) meu blog, *-* rsrs
Gostei do seu texto. Enquanto lia lembrava de uma amiga, rs. Vou falar pra ela passar aqui, ^^

Ahh, e parabéens! Ficou em primeiro lugar no BLQ. E c razao, rs. Vc escreve bem, (:
Seguindo, bjs
L. disse…
Suas palavras me encantam. Texto muito bom.
Eu costumo dizer que escrevo para não enlouquecer. Porque as vezes, é isso mesmo que acontece. As palavras não aguentam ficar confinadas dentro de nós, e sim, como disse, eu também acabo por expulsá-las, libertá-las. Elas não nasceram pra viver presas, afinal de contas.
A indicação veio por parte da Anna Oliveira, ela achou que eu me identificaria. E foi isso mesmo. Continuarei acompanhando suas linhas e entrelinhas.
Beijos e queijos,
http://ideias-defenestradas.blogspot.com/
Simone Oliveira disse…
Obrigada pela visita doce, L.! *-*

Postagens mais visitadas deste blog

Que bom que você veio..

Apenas

Das verdades mal (ditas)