Sobre a inspiração
E, por falar em medos, um dia alguém me perguntou:
― De onde você tira tanta inspiração?
A resposta veio rápida em seis curtas e assustadas letras:
― Não sei!
É, eu não sei de onde ela vem. Só sei que vem. Ou não vem.
Vai ver sempre esteve, sempre está. Estará?
Meu maior medo é de um dia olhar pro pôr-do-sol e não ver
sua beleza ao se esconder timidamente sob o céu laranja-rosado-rosa-alaranjado.
Medo de olhar para a rosa e ver apenas uma rosa. Medo de não ver o lado de
dentro. Medo de escolher pela cor, não pelo perfume. Medo de não sentir. Medo
de me perder, mais medo ainda de me encontrar. Ah, que medo bobo!
Inspiração é aquilo que saltita, palpita e escorrega nas
veias feito criança sorridente em parque de diversão. É poesia. É vida. É
música. É “a moça no meio da tarde de um domingo azul”. É tudo aquilo que não
se vê.
Inspiração é um sino que toca no cérebro quando o coração
balança a cordinha.
Simone Oliveira
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