Voo, vou...
Acontece que minhas asas são muito grandes, não cabem na gaiola. Tem
outra coisa, eu fico mais bonita quando voo,
quando vou pra onde quero, quando o vento bate no rosto e faz dança nos cabelos.
Não sei se você sabe, nem todo mundo sabe. Eu
fico mais leve quando me deixo levar. Minhas asas ocupam espaço demais no
chão, eu sou muito desengonçada pra andar em linha reta. Sem falar que o mundo
é muito mais bonito visto lá de cima.
Acontece que eu demorei pra
aprender a voar. Caí, mas levantei. Agora descobri, a tempo: o mundo é pequeno demais para o tamanho dos
meus sonhos. Vou. Porque depois de muito tempo você entende que não é
preciso ser, é preciso ir. A direção? Vai com o vento, vai pra onde faz mais
sol e o céu é mais azul. Depois de um certo tempo você entende que o coração
sempre grita mais alto. Você entende que
você não precisa entender. Afinal, viver é enigmático demais para a nossa
capacidade tangível de entendimento.
Mas, então, não me prenda. Me liberte
sem me soltar! Não seja cadeado, seja chave. Não seja problema, seja
solução. Não procure me entender, me compreenda, apenas. Não me dê motivos, eu
costumo não ter razões. Não corte as minhas asas, eu ficaria triste. Não me
queira triste, eu não te faria feliz. E se eu não te fizer feliz ninguém mais o
fará.
Não seja gaiola, seja céu. Meu céu.
Simone Oliveira
Comentários
Lindo o texto. Minhas asas ainda estão em crescimento, mas já dá pra ver que elas querem se tornar maiores do que a gaiola ao meu redor pode suportar. É quase sempre assim.
Beijo,
http://www.ideias-defenestradas.blogspot.com/
Perfeito...
Bjss