(im)perfeito

Gosto, particularmente, daquela sua camiseta branca de algodão que te deixa muito tão-bebê – não queria que soasse assim tão ridículo, mas, enfim. Você fica muito mais lindo vestido nela. Gosto do contraste do seu cabelo tão escuro que cai nem-aí sobre seus olhos tão claros. Gosto da sua barba por fazer e do cheiro de sabonete quando você vem e se deixa comigo, mesmo quando vai.

E aí você senta, pousa os cotovelos nos joelhos e repousa seu rosto nas mãos. Me olha de baixo como se me visse pela primeira vez. E aí eu me perco no seu olhar profundo e verde, por entre o emaranhado de seus tantos cílios imaginando aqui comigo em que está pensando. Você tem o dom de me deixar curiosa. Sabe, na verdade, você não devia ser tão perfeito, tão impossível, tão complicado. Mas, é.

Gosto do jeito que você passa a mão pelos cabelos quando busca uma solução e, depois de não encontrar nenhuma, enfia as mãos nos bolsos. Gosto do jeito que você briga sem perder a paciência e me faz ficar enfurecida enquanto não perde um traço de serenidade. E, enquanto eu reclamo, você me olha e sorri. E eu gosto do seu sorriso, esse mesmo, meio de canto, meio de leve, meio cheio de pretensões.

Gosto quando entrelaça seus dedos nos meus e me diz que não podemos nos separar, mesmo não estando juntos. É como se algo me ligasse a você. É como se algo ligasse você a mim. É como se, mesmo pegando estradas diferentes, lá na frente a gente fosse se encontrar. Gosto quando deito e você me abraça de lado, gosto de sentir seu rosto colado no meu e te ouvir falar baixinho, como se o resto do mundo não precisasse saber.

Gosto das suas mensagens que me acordam às três da manhã e do seu jeito tosco de me falar de amor. Você é o arco-íris mais vivo que se faz na minha janela no pôr-do-sol, é o regador que faz chuva no meu projeto de amor-perfeito todos os dias, mesmo assim... tão imperfeito. Porque é isso: se você me fosse perfeito talvez eu não te quisesse (tanto). E a verdade é que eu gosto de cada uma das suas imperfeições.