Bagunça
“— Que
mulher doida, meu Deus!”
Lembro que tu disse isso entre risos, enquanto eu fiquei muda do
outro lado da linha sem saber ao certo qual a reação mais certa pra uma
afirmação tão cheia de graça e de verdade. Uns seis segundos depois dei uma
risadinha meio insegura de quem não sabe se o que ouviu foi bom, ruim,
razoável, péssimo, etc...
Segundo o que tu diz, eu sou chata, meio pessimista e uma doida da
imaginação muito fértil. Olha, faz uns três dias que me pergunto se sou tudo
isso mesmo, se você não se precipitou em fazer um retrato meu em tão pouco
tempo ou se, putz, como você pode ser
tão bom em traçar perfis em apenas uma semana de convivência?
Sei
lá, na verdade eu tenho medo dessas sensações que tu me provoca, tenho medo
desse teu jeito estranho que tu teima em dizer que não tem, mas tem, eu sei. Sou
bem melhor nesse troço de traçar perfis do que você.
Pra
variar, passei o dia pensando na última vez que conversamos. É como tu disse,
eu tenho o mundo inteiro na minha cabeça desenhado a lápis. Meu mal é pensar
demais, pensar em tudo, imaginar tudo e deixar colorido tudo que eu não quero
mais ver em preto e branco. E o fato de tu ser assim, de tu ter uma capa que,
embora transparente, esconde sei lá o quê aí dentro de ti, faz com que esse
mundo desenhado na minha cabeça fique todo rabiscado, cheio de histórias
enroladas e confusas que se transformam de repente em outra coisa, como alguns
sonhos confusos que a gente tem de vez em quando.
“— Que
mulher doida, meu Deus!”
E isso martela na minha cabeça sem parar... Lembro que, em
seguida, tu disse que sou engraçada. Engraçada? É, talvez isso alivie mais ou
menos o peso dessa bendita frase que tu me disse sem pretensão nenhuma, que eu
sei, talvez só pra me zoar. Eu penso demais.
Ninguém nunca tinha me dado o tal do benefício [benefício?] da
dúvida, tu deixa minha mente livre pra voar por onde quiser, pra imaginar o que
quiser, tu deixa a gaiola aberta e eu, sinceramente, não sei até onde eu quero [leia-se posso/devo] voar. Sinceramente, eu tenho medo de tu conseguir me prender nesse teu
labirinto escuro e, no final, não conseguir decifrar teus enigmas. Tenho medo
de ficar lá pra sempre, medo de querer ficar lá pra sempre. Tu é uma esfinge
dos tempos modernos.
Tu me deixa encantadoramente confusa – e tu sabe disso. Eu tenho
medo, só isso. Medo desse velho-sentimento-novo que me rodeia devagarzinho. E é
aí que mora o perigo. Bem aí, atrás desse teu sorriso enigmático que brinca de
esconde-esconde e se diverte com minha confusão. Covardia fazer bagunça na vida
de uma pobre moça. Eu tenho medo, coisa que você não vai entender. Medo de não
esquecer aquele teu abraço e o perfume que ficou na minha memória da última vez
que te vi, medo dessa tua cara séria me olhando cheia de mistério, medo de
estremecer com teu sorriso e não agüentar o tombo. O meu mal é pensar demais. “— Que
mulher doida, meu Deus!”. Só tenho medo que tudo isso seja só um sonho, ou
pior, que isso tudo seja só um rabisco bagunçado no fundo da minha cabeça.
PS.: Ando mais bagunçada que guarda-roupas em dia de mudança...
Satisfeito?
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Comentários
Bj Si ;*
Vou me tornar visitante frequente do blogger.
http://lagrimasdeumgaroto.blogspot.com.br/
Que mulher doida meu Deus, rs
Eu já acho que o meu mal é pensar de menos em certas coisas. Acho que pra tudo tinha que ter um meio termo né?
Seriamos menos complicadas, certeza!
O texto ficou maravilhoso Si!
Beijos
Estou seguindo... peço que se puder dê uma olhadinha no meu...
se gostar, fico feliz em te-la como minha seguidora.
Bjão e Parabéns!
http://tamyyrangel.blogspot.com.br/