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Mostrando postagens de agosto, 2013

Pretérito mais-que-perfeito

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Pessoas marcantes, quando vão embora, deixam uma ferida aberta no coração. — Talvez ela não acredite, mas sinto falta. Falta da implicância com minha barba por fazer, dos cabelos pelo quarto, da música escrota que ela ouvia e coreografava aos risos pra me roubar atenção, falta da escova de dentes ali ao lado da minha. Falta dela no meu travesseiro. Talvez ela custe (ou se recuse eternamente) a acreditar que ainda gosto dela. Ainda rolo pela cama de olhos abertos e embargados em meio às recordações não mais tão vívidas na memória. Nem tudo tem que ser fácil – agora isso faz sentido. Ouço aquela música (uma das poucas) que me faz chorar e mergulho no sal que é a saudade quando inunda a alma, quando encharca por dentro e transborda por fora levando tudo feito uma onda gigante, afogando minha felicidade. Acendo um cigarro na tentativa de queimar cada sorriso que escorre em gotas pelo meu rosto, cada flash que confunde minha retina e te reproduz em cada esquina, em cada passo, em cad...

Água e sal

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Pareço forte, mas já acordei meus pais aos prantos às seis da manhã do outro lado do telefone porque precisava de uma palavra que me fizesse crer em alguma coisa que valesse a pena. Pareço forte, mas já engoli um choro e desabei no quarto mais tarde, sozinha, pra ninguém ver. Pareço forte, mas já precisei de dois braços estendidos na minha direção. Já fui pequena e coube em um abraço. Já me escondi em vontades e verdades que não eram minhas, já descansei em um colo quente e não quis ir embora. Já fui embora diversas vezes com vontade de ficar. Também já fiquei, sabendo que deveria ir. Já fui com convicção e quis voltar. Já voltei e não encontrei o que deixei. Já achei que tinha um amor eterno que não durou o primeiro aniversário. Já fui enganada – por mim e pelos outros. Já perdoei e nunca esqueci. Mas já me livrei de muitas mágoas também. Pareço forte, mas já me senti sozinha no meio da multidão, já me senti a pior das piores de todas as piores, já perdi o sono no meio da bagunça d...

Futuro do pretérito

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“Teus lábios são labirintos, que atraem os meus instintos mais sacanas.” Coisa de pele. Coisa de olhar. Coisa minha. Coisa sua. Coisa nossa, sem, antes, nem precisar ser. Sempre foi difícil dizer não à pessoa dona da mania ordinária de te ligar na madrugada com um fundo musical baixinho e uma voz rouca muito familiar ao dizer, quase num sussurro, um ‘oi, amor...’. Sempre foi difícil dizer não à pessoa do outro lado da linha que, mesmo te acordando (quando você odeia ser acordada assim, no meio da noite), te faz dormir de volta, feliz. Ou seja, música pra se ouvir de olhos fechados mais tua voz meio rouca do outro lado da linha dizendo ‘oi, amor’ mais a minha não-vontade de resistir é igual a ‘já era’! Conta simples. ... Nos braços dele, ela não tinha mais medo de nada. No abraço dele, ela encontrava abrigo e sempre se aninhava. Mas o problema do moço era ir embora. Sempre. Parecia ontem, mas já fazia algum tempo. É que, embora o tempo passe e suas saudades não se cruzem, é s...