Sotaque


Ele tinha o sotaque pernambucano - e o sorriso perfeito também. Usava uma regata branca (eu detesto regatas, mas adoro branco) e uma bermuda jeans meio surrada, mas que caiu muito bem nele. Bem básico, de havaianas limpinhas. Moreno, alto, bonito e sensual. Talvez seja casado. Mas é tão jovem, 24 anos, só (vi lá nos seus dados). Não, não deve ser casado. Mas, deve ter uma namorada, um rolo, um casinho, certeza que tem. Será que tem filhos? Ah, pensei demais. Deu vontade de perguntar. Meu cérebro finalmente deu uma desacelerada quando, todo cheio de sotaque, ele me pediu algumas informações enquanto aguardava sua vez de ser atendido.
Conversa vai, conversa vem ele disse que ia voltar pra Petrolina, precisava só de um atestado médico, não tinha estado muito bem de saúde (escrevo e ouço ele falando, acredita?). Nem deu tempo de falar que eu morro de vontade de conhecer Pernambuco e que eu tenho um precipício sem fim pelo sotaque pernambucano e ele já estava se despedindo. Engraçado mesmo essas pessoas que a gente conhece meio que vapt-vupt e depois se pergunta: será que ainda vamos nos ver?
Pra completar, antes de ir embora, ele me agradeceu (fazendo questão, mesmo sem saber, de usar a palavra proibida). Ainda lembro da risada e do sotaque na frase rápida e carinhosa: “Valeu aí, nêga!”. Ri por fora e me desmanchei por dentro (nêga em sotaque pernambucano? Desarmei na hora). Quando olhei lá fora ele já ia meio distante. Nem deu tempo de ler a frase do para-choque. Nem deu tempo de dizer que eu adoro quando me chamam de nêga. Não deu tempo de dizer que morro de vontade de conhecer Pernambuco e pegar carona num caminhão.
Da próxima vez, juro que pergunto ao menos o seu nome.

Qualquer semelhança com a realidade não será mera coincidência! Obrigada a todos pelo carinho que venho recebendo na página lá no facebook e nos comentários crescentes aqui no blog!

Comentários

Joakim Antonio disse…
Esses momentos nos fazem rir sozinhos depois ou, nesse caso, acompanhados no blog.

Não importa a idade, no final sempre seremos meninos e meninas.

Beijo e uma linda vida!
Tainá Oliveira disse…
Que doce esse post Simone, até parece as situações que frequentemente me acontecem. Existem tantos sotaques por ai, mas se foi encontrar justo esse, quer dizer alguma coisa.

Adorei sua visita no meu cantinho, te espero mais vezes.Beijos e ótima semana.

http://venenosemacas.blogspot.com.br/
Maíra K. disse…
HAHAHAHA. Não sei o que as meninas de fora veem tanto nos meninos pernambucanos! Eu acho "meus" meninos tão, sei lá, normais. Talvez, nosso sotaque seja mesmo apaixonante. Quando eu abro a boa "lá fora" todo mundo já nota que eu sou de onde sou, e não nego MESMO! Sou apaixonada pela minha terra, apesar de ter um amor platônico pelo Rio Grande do Sul!

ps.: Realmente, o tal do "nêga" desarma qualquer uma, até mesmo eu que sou daqui! =x
Simone Oliveira disse…
Verdade, Joakim. E esses momentos aí é que nos faz perceber nossa 'meninice'! Mas, é legal, umas risadinhas de vez em quando... Beijos
Simone Oliveira disse…
hahahahaha Inveja de você, Maíra, agora. Poxa, acho lindo o sotaque de vocês, é apaixonante mesmo, assim como também tenho uma quedinha pelo dos baianos! Nêga me desarma inteira, não há como negar! O pessoal do RS e de MG também tem um sotaque lindinho, acho uma fofura! Parabéns pela terra linda!
Erika Crislene disse…
Ôxente ! Pernambucana aqui.
~ Caruaru. //õ Capitá do Forró.

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