Do que restou

Queria que você tivesse feito diferente. Mas você não fez. Você fez tudo errado, mais uma vez. Queria que você não tivesse me deixado ir, queria que tivesse insistido um pouco mais. Queria que você tivesse me mostrado quando eu queria ver. Mas aí tudo se perdeu, tudo se foi e, na escuridão, não vi mais nada. Nossa história escapou por entre os dedos e, de tudo, ficaram as manchas. As manchas dos desenganos e da desesperança de não ter o que um dia se teve guardadinho esquentando o coração.

Queria mesmo que você tivesse feito diferente. Mas você não fez. Queria acreditar que esse é só mais um erro daqueles que se resolvem no final, como tantos outros que foram necessários pra dar certo. Mas, não. Dessa vez não. Dessa vez deu tudo errado. Agora já não dá pra remendar, são tantos remendos. Já não dá pra curar, são tantas feridas, amor. As cicatrizes são tantas que já nem reconheço o meu amor de outrora. E dói, sempre vai doer, porque a memória não adoece. Minha memória te reproduz como naquele tempo que andávamos pela chuva e ouvíamos Piano Bar feito duas crianças com medo de se perder.

Eu queria, queria muito que você tivesse feito diferente. Mas eu também mudei e já não sei até que ponto as culpas são minhas ou suas, sei lá, não sei. Da nossa história só restaram dúvidas, perguntas, que eu sei, nunca vão ser respondidas. Te dou meu poema sujo em letras tortas e papel borrado. Por que, de nós, restou apenas um amontoado de rascunhos mal feitos no canto do quarto. Da gente, só restou a saudade por entre os lençóis que em tantas noites silenciaram sob os rabiscos dos nossos versos de amor.

- Do desafio da semana.